Rede de internet acadêmica sediada na Fapeal é ampliada

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Rede de internet acadêmica sediada na Fapeal é ampliada

Juliano Araújo, José Luiz, Georginei Neri na Solenidade

A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) ampliou a capacidade da rede acadêmica nacional Ipê, em Alagoas, de 34 Mbps para 10 Gbps. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) sedia o Ponto de Presença (PoP) da RNP no Estado. Lançada em 2005, a primeira rede óptica nacional acadêmica da América Latina teve sua capacidade total agregada ampliada em 280% desde o ano passado, de aproximadamente 60 Gbps para 230 Gbps.

Na nova conformação do backbone acadêmico, os enlaces mutigigabits (acima de 1 Gbps), que até então somavam 10, serão ampliados para 24 das 27 unidades da federação. Esse avanço beneficia diretamente as atividades de pesquisa, ciência, tecnologia, educação superior e cultura do país, além de elevar a Internet acadêmica brasileira ao patamar das mais avançadas redes do mundo.

O backbone – ou espinha dorsal – da rede Ipê foi projetado para garantir não só a largura de banda necessária ao tráfego Internet usual (navegação web, correio eletrônico, transferência de arquivos), mas também o uso de serviços e aplicações avançadas e a experimentação. Para se ter uma idéia, durante a cerimônia de entrega do aumento da capacidade nacional, que ocorreu em Brasília, em julho, foram realizadas três exibições que contaram com a participação de 11 unidades da federação. Na primeira, uma transferência simultânea multigigabit demonstrou a alta capacidade de transmissão de dados da rede. Os espectadores acompanharam, em tempo real, a utilização da largura de banda e a quantidade total de dados transmitidos por milhares de quilômetros em apenas alguns segundos.

Em seguida, foi apresentada, ao vivo, uma cirurgia realizada no hospital da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Por fim, foi transmitido por streaming um filme 4K, "Projeto 2014K". O nome 4K deve-se à resolução das imagens, correspondente a quatro vezes o total de pixels usados hoje no formato HDTV (1080i) e 24 vezes o padrão dos sinais de TV analógicos. A exibição, cuja transmissão sem compressão demandaria fluxos de aproximadamente 8 Gbps, mostrou que a rede Ipê está preparada para operar experiências de ponta sem perda de qualidade. Em todo o Brasil, são mais de 500 instituições de ensino e pesquisa ligadas à rede, beneficiando mais de 3,5 milhões de usuários.

Alagoas

A solenidade de entrega da nova capacidade da rede Ipê em Alagoas aconteceu na segunda-feira (7), na Sala dos Conselhos Superiores, no prédio da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

O assessor especial da Fapeal e coordenador administrativo do PoP da RNP em Alagoas, Georginei Neri, relatou alguns desafios encontrados ao assumir a gestão do ponto de presença. “Entre 2008 e 2010, fizemos um grande esforço para entender o funcionamento do PoP e procuramos interagir com a RNP para que Alagoas efetivamente tomasse posse daquilo que já tinha em mãos. Tínhamos limitações com a instabilidade no fornecimento de energia elétrica, por exemplo. Com a parceria estabelecida entre o Governo do Estado, através da Fapeal, e a RNP, as soluções foram aparecendo”, disse.

“Apesar da pequena equipe de que dispomos, procuramos atender não apenas a todas as demandas do PoP, como também outras relacionadas à tecnologia da informação e da comunicação do Estado. E o fazemos porque acreditamos que essa parceria entre órgãos como a Fapeal e a Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secti), junto com a Ufal, é importante para o desenvolvimento de Alagoas”, disse a presidenta da Fapeal, Janesmar Cavalcanti. “Essas novas condições tecnológicas são imprescindíveis para que os pesquisadores que trabalham no interior do Estado possam desenvolver pesquisas e colaborar para a consolidação do sistema de ciência e tecnologia”, exemplificou Janesmar, que é doutora em Química e antes de ingressar na área de gestão de ciência e tecnologia, era pesquisadora da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).

A ampliação da Rede Ipê e inauguração da sexta geração da Internet no país pela RNP foi possível graças ao acordo de cooperação firmado em maio de 2010 com a empresa de telecomunicações Oi. Já o acordo foi resultado de um compromisso entre a empresa e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), na época da compra da Brasil Telecom (BrT). Para autorizar que a Oi adquirisse a BrT, a Anatel estabeleceu que a nova companhia deveria investir em pesquisa e desenvolvimento, ao longo de 10 anos, valores correspondentes a 100% do recolhimento feito anualmente ao Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTELL), o que equivale hoje a cerca de R$ 140 milhões.

“Um dos locais onde a Oi precisa investir esses recursos obrigatórios é na RNP”, explicou o diretor de Serviços e Soluções da organização, José Luiz Ribeiro Filho. A Oi proverá à RNP infraestrutura de transmissão em fibras ópticas para uso não-comercial e participará de projetos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de interesse comum. “Sabemos que daqui a alguns anos toda essa capacidade estará sendo usada, ainda mais com as metas de interiorização das universidades e das telecomunicações. Até 2016 pretendemos oferecer 1 Gbps nas sedes das universidades e 100 Mbps nos campi avançados. Precisamos de apoio para alcançar essas metas, para levar a rede para o interior, onde estão os maiores desafios, demandas e dificuldades. Por isso fazemos uma sensibilização junto aos governos locais para que invistam em infraestrutura própria. Junto com água e esgoto tem que ir fibra ótica também”, disse o diretor, que veio a Alagoas representar a direção geral da RNP.

“Não é suficiente levar prédios para o interior, é preciso levar também comunicação, infrestrutura. Para isso, a palavra-chave é parceria. Dessa forma poderemos avançar e construir um espaço de crescimento para nossas instituições”, afirmou Eurico Lobo, atual vice-reitor da Ufal, reitor eleito para o próximo mandato e ex-diretor científico da Fapeal.

Encerrando a cerimônia, a reitora da Ufal, Ana Dayse Rezende Dórea, contou que uma das coisas que ouviu quando assumiu a reitoria foi que devia levar o PoP para a Ufal. “Mas tínhamos dúvida se seria melhor. O PoP não interessa apenas à Ufal, mas a todo o Estado. Fomos à Fapeal conversar sobre a possibilidade de melhoria da gestão do ponto de presença, como a extensão do horário de suporte oferecido pela fundação, e fomos atendidos”, relatou.

Ana Dayse revelou que 75% dos alunos do campus da Ufal no sertão são da própria região. “Agora precisamos pensar no que fazer para fixar professores com mestrado e doutorado no interior. Precisamos criar condições para fazer muito mais. Temos que buscar fazer as transformações que esse Estado precisa”, disse a reitora, e agradeceu o empenho da Fapeal e da Secti nesse intuito, pois a existência de uma rede com a capacidade da Ipê em Alagoas é um dos instrumentos para alcançar esses objetivos.

RNP

A RNP tem como missão promover o uso inovador de redes avançadas no Brasil. Por isto, além de prover conectividade, busca também prover serviços de infraestrutura de redes IP (Protocolo Internet) avançadas para atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico, educação e cultura. Responsável pela primeira rede de acesso à Internet no Brasil, é mantida pelos ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT), da Educação (MEC) e da Cultura (MinC).

Agente de integração de iniciativas acadêmicas no Brasil e na América Latina, a RNP tem papel de destaque na Cooperação Latino Americana de Redes Avançadas (RedCLARA). A rede Ipê tem uma conexão de 1,45 Gbps com a rede desta iniciativa, que integra atualmente 15 países da América Latina. Além disto, por meio de uma conexão de 20 Gbps operada em parceria entre a RNP e a Academic Network at São Paulo (ANSP), a rede Ipê se conecta a outras infraestruturas acadêmicas internacionais, como a norte-americana Internet2 e a europeia Géant, e à Internet comercial mundial.

 

Shirley Nascimento - Assessora de Comunicação, com informações da Assessoria de Comunicação da RNP

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Juliano Araújo